sexta-feira, 25 de julho de 2014

Ciclos Econômicos


EMEF SÔNIA MARIA de AZEVEDO

Ainda em 1790, a Vila de Santarém contava com as povoações de Itaberoê, Finca e Rio do Campo; tinha uma população de 300 índios, entre estes, muitos miscigenados com brancos; a sua produção mercantil era constituída por arroz, algodão, café, exploração de madeira e Piaçava. A povoação mais importante da vila era chamada Porto da Vila, habitada por portugueses que moravam em terras arrendadas aos índios e se dedicavam à cultura de arroz, café e cana. Também  possuíam  nestas cercanias  muitas serras d’água para madeiras, ainda um porto, que  comunica-se à Barra do Serinhaém, a distância de quatro léguas.

Ìndios extraíndo a madeira pau-brasil


Além da agricultura de subsistência e da extração de madeiras, os índios reduzidos na aldeia e depois na vila de Santarém, eram hábeis na manipulação de fibras vegetais, a exemplo da extraída da palmeira Ticum, que servia para fiar e fazer redes e linhas de pesca, bem como as embiras, “que correspondiam a uma gama de vegetais fibrosos da terra de largo uso entre os índios – como a piaçava, o gravata, o guaxumim etc. Os quais tiveram grande utilidade na ribeira em Salvador para a confecção de massa de calafetamento, em substituição às estopas importadas, além de cordoarias. 

A EMEF Sônia Maria de Azevedo revisa os ciclos econômicos do munícipio, a saber que entre o campo e o litoral esta terra recebeu de presente de Deus um grande potencial produtivo que já esta explicito no brasão da bandeira municipal criado na década 1960 com exaltação as culturas da seringueira, piaçava, o dendê e os recursos hídricos representado pela torre da Hidrelétrica de Pancada Grande. 


Brasão do Município de Ituberá


O cacau que fora introduzido nas terras baianas Em 1746  no eixo Ilhéus e Canavieras que ganhou espaço nas diversas propriedades rurais deste vilarejo; a expansão da lavoura cacaueira por estas bandas desenvolveu-se graças ao suor e sangue de homens e mulheres, roceiros e roceiras que a muito custo promoveram  incremento da lavoura cacaueira nas terras do Baixo Sul da Bahia.  Foi nestes cenários que viveram os Coronéis do Cacau, tendo como principal protagonista Coronel Barachisio Lisboa. 
Com o desenvolvimento, a população passou a ocupar o ponto mais baixo próximo ao rio, foi criado o porto de Santarém, parada obrigatória das embarcações vindas de Salvador para o Sul da Bahia, fato este que acelerou o desenvolvimento da Vila.

Elevação a categoria de Municipio – 1909

A Lei estadual nº. 759 de agosto de 1909 elevou a Vila de Santarém a categoria de cidade, constituída de dois distritos: Capela do Rio do Peixe (atual Piraí do Norte) e Gandú. Passados 34 anos, em 31 de dezembro de 1943, o decreto Lei nº. 141 muda o nome da cidade, que passou então a se chamar Serinhaém, nome do rio que corta a cidade.

Em menos de um ano, no dia 1 de junho de 1944, durante a segunda Guerra Mundial, o nome da cidade volta a ser modificado, desta vez por solicitação feita pelo Governo Federal, sob alegação de haver uma cidade de mesmo nome e em maior estágio de desenvolvimento no Estado do Pará, além gerar problemas e embaraços quanto aos endereços postais.  A cidade então promove um concurso para escolher um novo nome, vencido pelo cabeleireiro conhecido pelo apelido de “Buzeco”, o Sr. José Manoel de Azevedo, que a batizou de Ituberá, nome também de origem tupi guarani, que significa Cachoeira Brilhante, Reluzente.
De acordo com a lei nº. 628, de 30 de dezembro de 1953, ficou então o município de Ituberá constituído de cinco Distritos, a saber: Ituberá – sede administrativa do Município; Gandú; Itamarí; Nova Ibiá e Pirai do Norte. Nas suas últimas décadas o município perdeu parte de seu território original, sendo hoje constituído pela sede administrativa – Ituberá e pelos povoados: Itaberoe; Rio do Campo, Barra do Seinhaém ,Vila de Itajaí e Colônia.

Foi a partir da década de 1950 que houve uma expansão no desenvolvimento regional que atraiu empresários nacionais e internacional á época um dos maiores do país, para cá vieram a construtora Odebrecht e seus sócios os principies de Orleans e Bragança para criar a SAICI S.A. Ituberá Comercio e Industria, a Standard Oil, a Firestone, a Usina Hidrelétrica de Pancada Grande e o Núcleo Colonial de Ituberá com  a Imigração japonesa  em 1954.
Anos mais tarde o Município assistiu o apogeu agrícola coma criação de inúmeras empresas e institutos ligados a este setor a exemplo da Agro Industrial, CEPLAC, SUDEVIA, Cultrosa, Agrisa, Brahma, Malibu, Satril, Jubiaba, Jacarandá, Contendas e tantas outras ,neste contexto as lavouras  permanentes exibiam o cacau, seringueira cravo da índia e  o guaraná.


Produção dos imigrantes japoneses em Ituberá |  Foto: Associação Cultura Nippo Brasileira  de Ituberá,


Apesar deste ciclo tenha sido reconhecido pela sua importância econômica e social a crise da vassoura de bruxa na década de 1980 na lavoura cacaueira levou os agricultores  a buscar novos caminhos para sustentabilidade, muitas famílias de  lavradores foram obrigados a migrarem para o sul do Brasil. Para os que resistiram tiveram que se adaptarem  as cadeias produtivas da pesca, da piaçava e da mandioca.
Em 1966  o Agrônomo Antônio Lemos Maia assim falou sobre a agricultura de Ituberá :” ... Com o aproveitamento da área rural de Ituberá; claro que a cidade progredirá; pois não existe cidade próspera em meio rural inculto e nem atraso em meio de riqueza.” Na atualidade o município de Ituberá se destaca nas produções agrícolas do guaraná, cupuaçu, cacau, piaçava, seringueira, pimenta do reino, cravo da índia, mangustão ,o rambutão e a pupunha.


Dendê, Cacau, Guaraná e Seringueira - Produtos típicos da região
Cravo, cupuaçu e piaçava - mais produtos típicos da região


Já na costa litorânea são realizadas pescas em mar aberto ou no próprio  canal do Rio Serinhaém  utilizando embarcações artesanais e motorizadas.

Barra de Serinhaém

Cachoeira de Pancada Grande

Referências:

 DIAS, Marcelo Henrique. Economia, sociedade e paisagens da capitania e comarca de Ilhéus no período colonial. 2007. 424 f. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em História, Universidade Federal Fluminense, Niterói.

ODEBRECHT, Norberto. Desenvolvimento sustentável: a visão e a ação de um empresário: o caso do Baixo Sul da Bahia/ Norberto Odebrecht- Salvador: CRA- Centro de Recursos Ambientais, 2004.


 SILVA, Egnaldo Rocha. Ituberá: breve histórico. Ituberá-BA. Texto escrito a pedido da Sec. de Cultura e Turismo, 2011.


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